Terror Nacional, existe?

Existe sim! Existe "pracarai".

Mas, é tão injustiçado quanto ao cinema nacional em si. No Brasil há uma grande legião de consumidores de filmes de Horror, porém, não tem tanto reconhecimento quanto deveria. Sem investimentos, produtores e boa parte do público, acham que esse tipo de gênero não vai crescer. Talvez, seja um reflexo de uma sociedade que tem os olhos direcionados para o "Hollywoodiano", que gosta do que é conhecido e que tenha referências. Por exemplo, o filme "Até que a Sorte nos Separe", de 2012, levou pessoas ao cinema por ter sido produzido pela Globo Filmes. O filme "Isolados", um Suspense que está previsto para ser lançado em Setembro deste ano, tem ganhado destaque na mídia  pelo fato de ter no elenco atores famosos da televisão brasileira. Seria a televisão que tem levado o público ao cinema para assistir filmes nacionais? Reconhecido ou não, à verdade é que tem muita gente fazendo filmes de terror, a rodo e a torto, por ai. Com pouquíssimo orçamento, mas com muita criatividade, esforço e amizade. Em breve pretendo fazer resenhas um por um, por aqui.

E pra começar, é claro, não poderia ser outro, se não o mestre, José Mojica Marins, conhecido pelo seu personagem mais famoso, o Zé do Caixão, ou Coffin Joe, como é conhecido internacionalmente. Não vou estender muito dizendo quem é José Mojica Marins, pois se você não conhece, que pombas caguem em sua cabeça.

"À Meia-noite Levarei Sua Alma" é um filme de 1963, o primeiro da trilogia do personagem Zé do Caixão, que de acordo o José Mojica, foi inspirado em uma fígura de capa preta, que apareceu em um de seus sonhos e o levou para o cemitério. (pense nisso.) A história gira em torno de  Josefel Zatanas, conhecido como Zé do Caixão, -Interpretado pelo próprio Mojica- um cético, sádico, argente funerário, frustrado com seu emprego e que está obcecado em gerar  um filho que vai dar continuidade ao seu sangue, nem que isso tenha que custar vidas. O que mais me chamou atenção no filme foram os diálogos, que para os anos 60 deve ter sido um absurdo. Temas, como: Morte, vida, existência, Deus, religião, chegando ao ponto de confrontar e ser "blasfêmico" aos costumes cristãos da época, que nem a sensacional cena de Zé do Caixão comendo carne em plena sexta-feira santa. Destaque para o diálogo entre Zé do Caixão e seu amigo Antônio, que ele diz:

- Você tem muita coisa que aprender, Antônio. Eu não posso ter descrença, quando nunca tive crença. Crer em que? Em um símbolo ? Numa força inexistente criada pela ignorância? Sim, sou um revoltado com os tolos como você, que temem o que não vê, que se tornam escravos daquilo que realmente existe: A vida.

Cabuloso, não? "À Meia-noite Levarei Sua Alma" apesar do pouco orçamento que foi investido, do cenário precário, é um filme original, que foi vencedor de grandes prêmios

na França e na Espanha. Certamente, José Mojica é um dos grandes diretores do Brasil, que está ai até hoje ensinando quem já está ou que está começando no cinema.