Se você nasceu nos anos 90 (que nem eu), mora em uma cidadezinha do interior (que nem eu) e que provavelmente se borrou de medo com essa lenda (que nem eu, mil vezes),

provavelmente se lembra do "Chupa-cabras". Uma estranha criatura que repercutiu muito na mídia, por ter sido relatada por pessoas que diziam que ele comia seus animais

de criação. Ganhou até um destaque internacional, sendo exibido até exibido em seriados norte-americanos. Me lembro de alguma coisa no seriado "Arquivo X" e no desenho

"As aventuras de Jackie Chan", mas não consegui encontrar nada pra postar.

E essa lenda é contada no filme "A Noite do Chupacabras", dirigido pelo Cabixaba, Rodrigo Aragão, que tem feito muito barulho nos ultimos anos, sendo considerado pelo

próprio José Mojica Marins - criador do famoso Zé do caixão - como seu sucessor. ( Que Honra!)

O filme se inicia com o jovem Douglas Silva - interpretado por Joel Caetano - voltando para sua terra natal, junto com sua esposa grávida, depois de ter ido morar

na cidade grande. Rodrigo Aragão fez questão de deixar tudo bem "verde e amarelo". As palavras usadas, o sotaque, o modo de se vestir, o lugar e a trilha sonora,

é 100% indentidade nacional. 

O foco do filme gira em torno da sua família, os Silvas, que vive em pé de guerra, envolvendo uma história de vingança e assassinato,

com uma família vinda do sul, os Carvalhos, que tem no elenco o genial diretor Peter Baiestorf, interpretando o sádico personagem, Ivan Carvalho.

Um infeliz encontro, e uma troca de "farpas", entre as duas famílias no boteco, é o estopim para toda a treta que eles já viviam há anos. No meio da pancadaria gratuita,

eis que surge a criatura monstruosa que leva o nome do filme, causando algumas mortes, deixando as duas famílias confusas, fazendo com que o ódio sentem umas pelas outras

aumentasse mais.

Rodrigo Aragão é filho de um ex-mágico que também foi dono de cinema, foi criado ao redor de truques e maquiagens. Trabalhou como maquiador nos curtas "A Lenda de Proitner"

(1994) e "Vampicida" (1996). Isso explica porque as maquiagens, os efeitos especiais e o próprio monstro "Chupa-cabra", é tão animalesco, mesmo com o baixo orçamento

que o filme tem. Destaque para as cenas com muito sangue, mutilações e crânios sendo esmagados que são memoráveis.

Uma outra fígura folclórica e curiosa que aparece na metade do filme é o "Velho do Saco", só que em uma versão BELZEBU, fazendo rituais. É a aparição chave 

que já coloca as duas familias cara-a-cara com a criatura responsável pela maioria das mortes.

O filme peca um pouco em algumas cenas e diálogos que poderiam ser menos longos e mais dinâmicos, pra não ficar um tanto cansativas. Mas não deixa a desejar. É filme trash de primeira.

"A Noite do Chupacabras" foi lançado em  2011 e é o segundo longa-metragem de Rodrigo Aragão. Feito por uma produção totalmente independente, tentando mostrar através

de filmes trash/gore, um pouco de cultura e uma imagem de um Brasil devastada pela pobreza.

Como o próprio disse em uma entrevista: "Se utilizássemos mais elementos da cultura brasileira no nosso cinema de terror, já teríamos feito clássicos mundiais".

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